Vamos falar sobre o TDAH?
Este mês fiquei com muitas duvidas sobre qual tema escrever para a revista. Aí pensei: Já que escrevo para a coluna de “comportamento”, vou escrever sobre TDAH! Afinal, quer comportamento mais comentado que este nos dias atuais? Atendo muitas mães e professoras “desesperadas” por alguma “fórmula mágica”… Mas, ela NÃO existe! Entretanto, vou sugerir alguns cuidados para lidar com um portador de TDAH, ok?!
Bom, eu estou aqui já escrevendo, escrevendo… Mas, você sabe o que é TDAH? É o nome dado a uma síndrome neurobiológica, que significa “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”. É uma das síndromes neurobiológicas mais comuns e se caracteriza pela presença de vários sintomas relacionados entre si, que podem apresentar-se simultaneamente ou não.
Podemos subdividir o TDAH em três tipos:
Transtorno do déficit de atenção com predomínio do sintoma de desatenção;
Transtorno do déficit de atenção com predomínio do sintoma de hiperatividade;
Transtorno do déficit de atenção combinado, no qual ambos os sintomas se manifestam.
Cabe salientar que existem outros tipos de problemas psicológicos que podem acompanhar o TDAH, as chamadas “comorbidades”, mas isso é assunto para outro texto, ok?!
Os principais sintomas do TDAH são: dificuldade de manter a atenção; inquietação que se traduz por uma grande agitação motora e mental e impulsividade. Todos estes sintomas estão relacionados a alterações das funções executivas, que são aspectos do funcionamento cerebral que envolvem o planejamento, organização, execução das ações e monitorização do próprio comportamento do indivíduo.
A atenção pode ser definida como a capacidade do indivíduo manter a focalização em uma parte do estimulo do ambiente, em detrimento das outras fontes de estimulação, organizando suas ações em função do foco da ação, considerando aspectos relevantes para seus atos. E diversos fatores afetam a atenção e a coordenação do comportamento como a motivação, conflitos, ambiente social, estado de consciência e o estado psicofisiológico do indivíduo.
O TDAH afeta não só o portador, mas, também sua rede de relações: família, cônjuge, filhos e ambiente de trabalho. As características mais facilmente observáveis são: falta de persistência em atividades que requeiram envolvimento cognitivo e uma tendência a mudar de uma atividade para outra sem completar nenhuma, associada, em alguns casos, a agitação excessiva, desorganização e ausência de controle sobre os impulsos.
Caso o ambiente social não seja adequado, complicações secundárias podem ocorrer ao longo da vida, tais como: baixa autoestima, insegurança, desajuste social, comportamento antissocial, abuso de drogas e, em casos extremos, à criminalidade.
O controle ambiental correto é imprescindível, para o manejo do TDAH. Ambientes calmos com um nível adequado de estimulação, sempre voltados para as tarefas em realização com o mínimo de ruídos perturbadores, interrupções não programadas e excesso de pressão, além do controle de situações estressantes. Aliados a uma atitude de apoio e de motivação é de fundamental importância. Isto se traduz em um ambiente familiar psicológico de afeto e atenção, orientado à criança (ou adolescente) portadora para a superação de suas dificuldades, acolhendo em suas angústias e reforçando seus progressos e aspectos positivos. Então, pais, o diálogo é FUNDAMENTAL! Escute seus filhos, compreenda-os!
“Thays, eu sou professora, o que posso fazer com um aluno portador de TDAH?” Como eu disse anteriormente, não existe fórmula mágica, mas existem sim algumas atitudes que podem ajudar:
Considerando que o planejamento é uma tarefa muito complicada para o portador de TDAH, auxilie-o pré-estabelecendo regras, objetivos, tempo e limites. Mas tudo isso sem o intuito de punir. #porfavor
Monitorize o tempo de forma que sempre fiquem alguns minutos a mais para qualquer imprevisto, e sinalize sempre que estiver faltando alguns minutos para acabar a tarefa proposta. E lembre-se que o tempo que um portador de TDAH leva para fazer uma lição costuma ser 3 vezes maior que seus colegas!
Evitar posicionar o portador perto de janelas ou portas, pois ele pode se distrair facilmente por estímulos externos.
Posicionar o portador de TDAH próximo à professora, para que esta possa destinar-lhe a atenção necessária sem causar constrangimento ou despertar ciúmes no restante da turma.
Possibilitar intervalos (cerca de 4 ou 5 minutos) a cada 40 (ou 50) minutos de trabalho para que o portador possa movimentar-se, beber água, ir ao banheiro, etc.
Acompanhar a execução das tarefas, que devem ser realizadas por etapas e em passos pequenos. E se necessário, disponibilizar um tempo maior para conclusão destas.
E para finalizar, é importante lembrar que os portadores de TDAH normalmente são pessoas muito criativas e inteligentes. Se receberem os estímulos adequados e forem cuidados por pessoas capacitadas, certamente se tornarão indivíduos mais realizados e felizes, e poderão contribuir muito em sua rede de relações.
Um abraço e até breve, Thays.