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A dor da perda: quanto tempo “isso” vai doer?


Outro dia li um texto do (padre) Fábio de Melo que tinha como título “Perdas Necessárias”, e algumas frases iniciais chamaram minha atenção, que eram: “Deixa partir o que não te pertence mais. Deixa seguir o que não pode voltar. […] Vem depressa que a vida precisa continuar”. E fiquei pensando que sim, algumas perdas são de fato necessárias, mas não necessariamente são fáceis de serem superadas; algumas, inclusive, são muito dolorosas.


As perdas fazem com que passemos por uma avalanche de emoções para posteriormente nos organizar e dar um novo sentido em nossas vidas. Independente do tipo de perda: seja por morte de um ente querido; demissão de um emprego; separação temporária (ou não) de um amigo; rompimento de um relacionamento amoroso; doença (que se caracteriza por perda da saúde – mental ou física); mudança da condição social; entre outras.


No consultório as pessoas me perguntam “quanto tempo isso vai doer?” e (in)felizmente eu enquanto psicóloga não posso prever… O tempo requerido para o luto (fase de maior sofrimento) e a maneira de vivê-lo vai depender das circunstâncias da perda, o significado desta para a pessoa, seu modo particular de lidar com situações de crise, apoio disponível em seu meio social ou familiar, entre outros aspectos.


Posso afirmar que a recuperação de uma perda significativa leva de alguns meses a dois anos aproximadamente, e ainda assim alguns aspectos podem continuar não muito bem resolvidos. Por isso um acompanhamento psicológico faz-se importante.


Apesar das idiossincrasias das pessoas, cada um sente e reage de uma forma diferente perante uma situação de perda, entretanto, existem 4 fases que fazem parte do processo de elaboração do luto. São elas:

  • Negação e Isolamento: Impacto inicial da notícia onde pode ocorrer uma paralisação na pessoa e ela pode não conseguir dar seguimento aos pensamentos. Também é comum nesta fase que se tente negar o ocorrido, não acreditando na informação recebida. A negação é uma defesa temporária.

  • Raiva: Surgem sentimentos intensos como raiva, revolta e ressentimento. Esta raiva geralmente é projetada no ambiente externo, no sentido de inconformismo.

  • Depressão: Ocorre um sofrimento profundo onde não se pode mais negar os acontecimentos, tampouco se revoltar contra eles. É a fase de introspecção profunda e necessidade de isolamento.

  • Aceitação: Tendo superado as fases anteriores, percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas, e estas passam a ser enfrentadas com consciência das possibilidades e das limitações.

Algumas sugestões podem ajudar você a superar essa dor:


Fale sobre sua perda e sua dor, seja com alguém de confiança ou com algum profissional, este comportamento ajudará seu entendimento e aceitação.


Enfrente o sentimento de culpa que inevitavelmente aparecerá, entenda que fazemos o possível de acordo com a nossa capacidade naquele momento.

  • Trabalhe os sentimentos de raiva e revolta, Não adianta negá-los, ou envergonhar-se deles, são normais e irão desaparecer com o tempo e com a aceitação do fato.

  • Não se isole. Mesmo que não se sinta confortável para compartilhar seu sofrimento e prefira ficar sozinho, busque a companhia de outras pessoas e lembre-se que não está só.

  • Liberte-se de expectativas irreais. Acreditar que a vida deveria ser diferente, não envolvendo escolhas dolorosas, sofrimentos e perdas, é irreal e só traz revolta, o que só prejudica. Quando tornamos nossas expectativas quanto aos outros, a nós mesmos e à nossa vida mais realistas, fica mais difícil nos frustrarmos e mais fácil nos adaptarmos.

O mais importante é ter a consciência de que as situações dolorosas de perda podem fazer com que descubramos em nós mesmos forças antes desconhecidas, bem como fazer com que reconheçamos e ressignifiquemos nossas vidas e nossos valores e assim percebamos o que realmente é importante e o que é supérfluo.


É também entender que a vida pode ser prejudicada ou fortalecida por uma perda, esta ESCOLHA cabe a você. Ninguém permanece o mesmo. Cada situação é única e só a própria pessoa pode buscar e encontrar respostas relativas ao “outro eu” e à outra vida que vão emergir. Cada pessoa decide quando e se vai ou não crescer com essa experiência dolorosa. E então, qual é a sua escolha?


Grande abraço e até breve! :*

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